terça-feira, 9 de junho de 2020

Ansiedade

Um mês mais ou menos depois do último post desse blog eu tive uma crise nervosa, uma ansiedade.
Na verdade eu sempre tive crises de ansiedade, mas eu só fui descobrir isso de fato durante o processo de tratamento. E aqui estou.

Mas voltando ao mês de outubro... Eu tinha uma viagem marcada, iria ver um show e de quebra visitar uns amigos meus da capital - Belo Horizonte.
Quando faltava umas duas semanas para a viagem começaram as crises. Na verdade uma delas foi leve, mas eu tive de ir embora do trabalho. A segunda crise foi dois dias depois da primeira, e ai começa...

Nessa segunda crise eu fui para o hospital. Na consulta o médico me passou um remédio para eu acalmar, pois bem, tomei.
No dia seguinte, sábado, eu estava melhor, porém algo me incomodava. Foi então que começou a incomodar a ponto de me deixar triste e fazer eu chorar  - coisa que raramente faço, pelo menos em lágrimas, pois acho que cada música que faço é um choro.
Eu estava preocupado se ia conseguir viajar ou não...pois era uma coisa que eu queria muito.
Então coloquei na cabeça que iria ao médico de novo, pois eu comecei a me sentir mal no domingo.
Ai chegou a segunda, fui a outro hospital, expliquei pro médico como eu estava me sentindo, ele perguntou se eu queria um anti depressivo. Como eu estava desesperado, eu aceitei.
Fui tomando como prescrito, mas aquela coisa ruim no peito não passava, e o dia da viagem se aproximava. Ai fui descobrir que o anti depressivo demorava um certo tempo para fazer efeito, ai que fiquei mais preocupado.

Contrariando minha saúde mental e toda confusão, eu resolvi viajar mesmo assim. Mas obviamente eu não estava bem, mas fui tentando trabalhar minha mente para que eu conseguisse ao menos ficar estável, mas não rolou...

Assim que eu cheguei na rodoviária eu já comecei a me sentir mal, mas tive que disfarçar...
Eu fiquei na casa de um amigo... e lembro que no dia da chegada, eu cheguei a quase desmaiar. Eu não tinha dormido na viagem (que é longa, por sinal), não tinha comido direito e estava com toda aquela merda de ansiedade. Mas fui segurando...
Chegou então o show...e eu estava "bem", ainda mais comparando com o jeito que eu cheguei. Consegui rir todo show, foi bom... e chegou mais a noite e eu capotei.

Mas não teve jeito de segurar por muito mais tempo...num almoço de domingo veio a crise mais forte e eu tive - com muito pesar- que avisar que eu não estava bem e expliquei pros meus amigos o que eu estava passando. Mas eu fiquei bastante incomodado com aquilo! Eu me sentia exposto, fraco, um lixo completo. Passar mal longe de casa...sabe, não é uma coisa legal.

Então nesse dia mesmo, a noite, eu iria embora. E a viagem foi tranquila, mas mais uma vez não consegui dormir. E quando cheguei aqui...simplesmente apaguei.

No começo da semana mesmo ja fui procurar outro médico, dessa vez numa clinica particular. E lá estava eu, de novo, explicando tudo o que aconteceu. Mas aparentemente essa consulta tinha sido mais esclarecedora. Mas o médico disse pra eu continuar tomando o anti depressivo que outro clinico tinha me receitado, e assim eu o fiz. Só que dessa vez apenas para checar mesmo, ele me pediu um check-up. Prontamente eu aceitei e naquela semana mesmo eu já comecei a correr atrás dos exames. Fiz todo que ele pediu o mais rápido possivel. E advinhem, eu não tinha nada, era "apenas" ansiedade mesmo. O médico então me recomendou ir a um psiquiatra e psicologo.
Fui a psquiatra, ela trocou todos meus remedios, o que foi bom. E me afastou quinze dias. E esses dias foram importantes pra mim. Não foi apenas isso que ela fez, ela conversou comigo, tentou me entender, sabe, essas coisas de psiquiatra.

Levou um tempo, mas os remédios surtiram efeito...e eu fui melhorando. E nesse meio tempo eu já estava fazendo tratamento também com o psicologo, coisa que continuo fazendo.

Eu obtive alguma melhora. Consegui entender o que me faz mal. E mais: consegui entender que sempre tive ansiedade, desde muito novo, só não entendia na época.

Foi então que há dois dias...eu simplesmente surtei. Eu não me senti ansioso, nem deprimido, nem triste, nada disso. Eu senti minha auto estima muito baixa, a ponto de eu sentir vergonha de existir. É uma coisa dificil de explicar, mas quem já sentiu, claro, sabe como é.

Eu sempre tive problemas com auto estima, sempre. Claro, com o tratamento eu fui aprendendo a lidar com isso, na verdade ainda estou aprendendo. Mas dessa vez foi algo forte, algo que realmente mexeu com meu emocional, e de fato eu me senti um lixão.
De repente comecei a detestar as músicas que faço, as coisas que faço no trabalho, as coisas que ainda não encaixei na minha vida. Isso tudo durou umas duas horas e eu estava no trabalho. Eu consegui conter, menos mal. Mas isso me levou a sérias questões, nas quais ainda estão me deixando com a pulga atrás da orelha. E eu não estou totalmente bem.

Acaba que o que importa é o agora. E sério, se você pode, de alguma forma...procurar ajuda, faça-o. Invista na sua saúde. Acredite nesse papo de que saúde mental é importante. E que as vezes você "só" está desajustado e sem rumo, é perfeitamente normal. Cuidar de si mesmo é o melhor investimento e algo produtivo que você pode fazer a si mesmo.

Eu ainda estou no processo de tentar entender várias coisas, vários acontecimentos, sentimentos.
Infelizmente a maldita ansiedade não deixou que eu curtisse 100% a minha viagem, isso é frustrante. Mas o mais importante: eu fui procurar ajuda.

Eu ainda estou num trabalho que não me deixa evoluir, eu ainda não estou trabalhando em algo que eu gosto. Eu ainda não sei lidar direito com auto estima. Mas com certeza eu estaria pior se não tivesse ido atrás. Obvio que eu ainda tenho muito o que fazer, mas tudo no seu tempo.


4 comentários:

  1. Parabéns pela coragem no desabafo... real mente ansiedade vai nos matando em vida... nos momentos, nas relações.. trabalho. Também sofro com ela, mas em intensidade bem mais leve que a sua... mas entendo a dor e lamento por este surto e resgate que passou. Mas o importante é você ter ido atrás de ajuda. E só assim vai realmente melhorar e se entender. Esse processo de se achar não é muito fácil (até hoje estou tentando também), mas vale a pena nunca parar de caminhar. E continue compondo e escrevendo, suas músicas são belas, verdadeiras e muito ricas. Além delas te salvarem deste caos que é a vida... a arte sempre nos salva.

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  2. Obrigado pelo comentário ^^
    Na vdd eu demorei pra procurar ajuda, visto que desde criança eu tenho isso..demorei e muito. Mas é como dizem..."antes tarde do que nunca". Ao menos ja me sinto melhor do que antes, mas é um processo longo até receber a "alta"...mas sigamos...
    Obrigado por acompanhar meu trabalho com música. =)
    E sim...sempre tem a arte pra nos salvar dessa loucura toda chamada vida.

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    1. Imagina e exatamente isso, antes tarde do que nunca! Esse processo é lento, mas só de estar em tratamento é o caminho. E a arte tem este poder de salvar a humanidade da loucura da vida.. E suas canções cumprem este papel terapêutico no seu tratamento.🙏

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  3. Acredito que a primeira coisa que eu quero lhe dizer é: você é forte, imensamente forte. Tem que estar nesses "sapatos", como dizem, para realmente sentir e entender a gravidade e profundidade desses sentimentos e que às vezes o médico chega e diz: não é NADA, é SÓ ansiedade, baixa estima, depressão. Não tem nada de ERRADO com seu corpo. (E ainda dá um sorriso como se essa fosse uma notícia boa). Você é forte por procurar ajuda. E por resistir. Mas muito mais ainda por compartilhar. Eu estou mal tem muuuuito tempo. Você sabe, é como uma prisão. O tempo parece se multiplicar. E ler você dizer as palavras LITERALMENTE me fez criar consciência que não dá mais para continuar tentando contornar a situação. Você e essa mania irritante de me fazer chorar ;p
    A segunda coisa que quero dizer é seu estilo de escrita é muito agradável de ler, fluido, quase como se eu ouvisse você falar. Gostei ;)
    E por último, você me inspira a ter a mesma coragem de ter essa força e me abrir. Eu comecei a silenciar tudo ao ponto que desaprendi a falar. Não consigo dizer. As palavras não surgem. É um bloqueio muito muito forte. Mas saber que você sofre a mesma dor e fala, é como um tapa de luvas que me desafia a seguir o exemplo.
    Leia quantas vezes precisar para ver se a consciência bate de que é verdade, e sim você é forte e corajoso.
    Liv.

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