Sem muito esforço minha mente sucumbiu à vida. Sem muito
esforço minha mente foi entregue de bandeja as dificuldades da vida.
As vezes sinto que racionalmente eu já estou morto, mas o
lado físico, o instinto de sobrevivência me mantém acordado.
O lado bom de estar sozinho é não compartilhar desses pensamentos,
dessas ideias já fomentadas há muito tempo em minha cabeça.
Você não precisa ficar se justificando ou fingindo estar
apto para fazer tal tarefa. Sofrer sozinho nem sempre parece ruim.
De alguma forma ou outra é bom dizer para alguns amigos o
quão desesperador a vida pode ser, mas seus amigos não irão te dar as asas
deles. E isso é bom.
É necessário conforto, claro, mas não estou disposto em
entrar em uma guerra contra aquilo que não precisa ser derrotado, eu apenas
iria colocar um outro monstro no lugar.
E quantas vezes não me passei por ridículo por tentar provar
pra mim mesmo que a ponta da faca não ia machucar meu soco, sempre machuca.
E é assim mesmo que tudo vai pra mesma porra de lugar.
E o problema não está ligado diretamente a falta de sentido
da vida. O problema é pensar sobre tudo e não saber lidar com as coisas. Onde o
peso é grande por si mesmo, ou eu peso mais...ou pego leve com aquilo que
deveria ser visto com mais atenção. Viver não é fácil, os ônus sempre serão
maiores.
De dez chances, você irá perder, sei
lá, umas quinze, e dentro dessas chances alguma vez você vai acreditar
ser possível, e naquele momento está criando uma ilusão de que irá ficar tudo
bem, mas não vai.
E veja, nem estou falando de tristeza. Ser triste e
miserável é da condição humana. Mas a gente precisar escolher. Ou entregamos
fácil nossa luta, ou então – mesmo sabendo das merdas – lutemos para que tudo
fique menos ruim o possível.
Parece-me obvio que poderia ser melhor eu estar em algum
lugar, com alguém ou não, divertindo-me com alguma coisa, distraindo dos
pensamentos massivos da minha cabeça. Mas eu escolho escrever sobre o que eu
sinto, vejo e penso...e quando eu escrevo é como se eu vomitasse. A vida é um
estomago com fome, porém podre.
É dia de folga, o tempo está claro lá fora. E eu estou
sozinho em casa. Uma casa grande só pra mim, uma casa onde eu poderia andar
tranquilamente. Mas minha maldita mente diz para eu sentar aqui e formar frases
sem sentido.
Quando você toma consciência de como tudo é – e não
necessariamente precisa contrair uma doença rara, um câncer, perder um membro e
etc, simplesmente tudo faz sentido. O monstro fica claro, mas é uma caminho sem
volta, pois ele jamais irá embora.
É difícil assumir esse risco, são poucas as pessoas que de
fato entram nessa espécie de honestidade para consigo mesmo e para com o mundo/vida.
Vejo que muita gente não está disposta a perder a sanidade. Mas sanidade pra
mim é isso, é ver o quão estranho é existir. Pra mim pessoas que não sentem
vontade de esmurrar paredes, monitores, cara de pessoas não são normais. Isso tudo se trata sobre raiva, sobre estar
preso num corpo, num lugar e/ou em algo que você não queria estar.
Por mais que eu diga, eu não consegui assumir a condição na
qual eu estou envolvido. Uma vez que eu consiga aceitar tudo isso, acho que
consigo algumas ferramentas para ir levando tudo de forma menos danosa. Não
preciso gastar dardos em alvos errados, posso deixa-los guardados...ou, quem
sabe, acertar no meio da cara de alguém que não seja eu mesmo.
Meus pensamentos são violência, não necessariamente
violentos. Violento é se sentir impotente.
-“Mas, Wolfy, então o que fazer?”. Definitivamente, eu não
faço a mínima ideia. Mas talvez seja naquela linha de tentar carregar as coisas até
onde você puder...e tudo que vier é meio que um lucro, porque que sempre vai
piorar. Mas, assim...eu aconselho a ninguém dar ouvidos a uma pessoa que já se
entregou, então, essa parte escrita ai em cima, provavelmente está errado,
muito errado.
Agora, o lado bom de tudo...é não ter que pesar a vida de
ninguém por conta das minhas merdas. Então por que as vezes eu quero alguém pra
carregar junto comigo o cimento? Não seria contraditório, hipócrita? Sim,
seria. Na verdade...é. A sorte é que minha paciência para encontrar agulha no
palheiro é, proporcionalmente, igual a minha vontade de levantar.
Existir é um problema sem solução.
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"I think the suicide rate is so high among writers because we force ourselves to stand still, take an outsider’s perspective, and realise how quickly a life passes by, and how futile we are. The exhilarating upside is that at a moment’s glance all your worries fade away, and you can work on making the most of it.”
Kevin Focke


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