Fale para ela que eu
não escolhi viver, estar vivo é uma condição aparentemente única e sem saída.
Infelizmente com a
companhia dela era difícil para mim enxergar o que sempre esteve pregado em
meus olhos. Talvez por estar muito perto, eu não pude ler.
Meus olhos pregavam
naquele relógio do seu quarto e eu de forma inocente queria que os ponteiros
pausassem. Mas que efeito isso causaria? Nenhum. E mesmo que causasse, era
bobagem, uma perda de tempo desejar que o tempo congele, ainda mais que no
futuro eu vim a descobrir quer estar junto dela era apenas bobagem.
Meu amigo, você é o
único elo entre mim e ela. É difícil te colocar nessa estranha tarefa, mesmo
que esta não parece tão árdua.
As vezes, você, meu
único amigo parece ser algo invisível, onde agora eu deposito minhas pobres
esperanças. É que eu estou num processo de beijar o muro da realidade.
Quando eu estava
junto dela, eu me abdiquei de quase tudo que trazia conforto ao meu dia a dia.
Eu joguei quase tudo
fora. O pouco que me restou me ajudou no processo de tirar a cegueira.
Talvez você não se
sinta confortável em ler isto. Pode ser que me mande a merda. Está no seu
direito. Até acho que merece um soco, quem sabe até perder um dente.
Estou continuando a
escrever esse texto jamais enviado e mostrado a ninguém. Estou voltando a
escrever depois de alguns meses.
Lembro-me de ter
pego no sono e ter sonhado uma coisa aleatória, mas esse sonho me trouxe
algumas reflexões banais, mas que me fizeram a chegar a simples conclusão de
não ser tão duro comigo mesmo.
Sabe o tempo que
passei me odiando por ter supostamente sido burro por desperdiçar tempo com
ela, então, esse tempo foi maior que a própria ilusão criada através de
irrelevantes sentimentos.
Esse tempo todo eu
criei dentro da minha cabeça um jeito de esquece-la...ou de então lembrar das
vezes em que eu me sentia culpado por estar bem. Sim, me sentindo culpado por
estar bem.
Eu supervalorizei e
subestimei tudo ao mesmo tempo.
Meu amigo, você não
está mais aqui, ela também não.
Não vou pedir tempo
algum de volta, o que foi vivido está apenas salvo como uma memória, deve ser
tratado tal como.
Eu acho que estou
bem. Creio que agora percebo que não foi perda de tempo. Foi vivido, do jeito
que deu, é claro. E nessa história toda não fui somente eu que estive ausente
de tudo.
Eu me culpei depois,
também, para talvez encontrar uma solução. Isso foi totalmente ineficiente, uma
vez que não foi somente eu o cara que "sumiu".
Não vou dizer mais
nada a ninguém dessas coisas que se perderam entre as ondas do tempo.
Aqui, de onde estou,
parece alto. Não sei se é o suficiente para me causar tonturas ao olhar para
baixo, deixa-me ver...
Pronto, foi o tempo
de eu tentar voar, foi rápido, nem senti direito o vento tocar meu rosto.
Que bobagem!! Todo
mundo sabe que estou apenas deitado escrevendo sobre uma coisa que nunca
existiu, eu nunca estive vivo.
Se isso aqui virar
uma carta, invente um destino, a envie, se alguém tiver o azar de ler, saiba
que quem escreveu não é uma pessoa de verdade, é apenas uma ideia.
Aqui não existe
mãos, pensamentos, sentido. É tudo vazio, um grande e delicioso vazio.

Mas você é muito indecente kkkkkkk que carta levemente psicodélica? Ainda bem que eu tranquei meu blog.
ResponderExcluirÒ.ó