Sinto como se cacos
estivessem voltando, alguns cortam, rasgam a pele, outros passam
raspando os olhos...
Percebi o que é real,
o que é palpável, sensível, de carne, osso e muito mais coisa.
Sinto falta, sinto muito falta de calor humano, e o mais irônico
disso tudo e que esta bem acessível... Não estou sendo desprezado,
nem jogado para o lado!
Não posso para todo o
sempre ser iluminado por estrelas, imaginar estar nelas, mesmo que
fosse possível, eu morreria queimado, tamanha a indiferença dessas
bolas de gás. O que é real, nada mais é que a realidade, fruto de
muito mais erros do que acertos. As coisas que acho que sei, as
incertezas, as chances, as escolha, e isso que tenho.
Como viverei olhando só
pra cima e não pra frente? De repente tropeço em minhas próprias
pernas e caio...
Se for pensar
profundamente, nem sei o que a vida, senão um monte de duvidas e
coisas extremamente cruéis. Eu não sei se faz parte de algum
crescimento, ver tudo de forma dura, de uma forma que realmente é.
E impossível não ver
algumas fotos, reparar no olhar, que diz tanto... Onde foram parar
aquelas grandes coisas que imaginávamos, onde não precisávamos de
vícios pra continuar em pé. Sei que em determinadas comparações,
tudo parece estar bom, bom até de mais! Mas chega de pensar assim!
Às vezes, tento achar
o sentido nessa tal vida que a gente leva. Nós estudamos apenas para
aprendermos alguma função, depois disso, trabalhamos muito, pra
conseguir coisas, que, às vezes nem precisamos... Dai, no final de
tudo, num dia incomum, a gente senta num lugar tranquilo e percebe
que tudo que importa, nunca veio daquela correria... Tudo que sempre
importou veio de dentro, daquilo que nasceu conosco, daquilo que
parece estar perdido...! Nessa louca desenfreada que nos propusemos a
participar, isso não é vida, isso não pode ser a vida.
Nós idolatramos
deuses, o dinheiro, nos rezamos para coisas fúteis, nos entregamos
nossa vida a um ser invisível, nos tiramos certa moral de um livro
velho... Nós ficamos felizes com porcarias, com drogas, com a queda
dos outros. Temos mania de grandeza, nos achamos o tal nesse
imensurável universo. Achamos a maior besteira do mundo querer
aprofundar, temos medo do que vamos encontrar. Como Carl Sagan disse:
"Eu não quero acreditar, eu quero saber".
Qual o problema em
fazer algo que você vai repassar para outras gerações?
Era pra estarmos
viajando entre estrelas, e estamos ajoelhados, conversando com o
vento! Esse é o mundo que vejo, e esse o mundo que quero deixar para
o futuro? Não ser reconhecido por nada, ser apenas um funcionário,
que chega cansado em casa, que liga a tv, enquanto bebe uma cerveja e
coça o saco! Eu sei que não e totalmente assim, mas como estou
desabafando, quero falar da maioria, das coisas que estou cansado de
ver, e não estou tirando o meu da reta, não! Eu faço parte de um
todo, de alguma maioria por ai. No fundo, estamos no mesmo barco!
Será que no futuro ainda vamos alimentar esse tipo de coisa? De nos
violentarmos, de sermos controlados por governos, leis, igrejas,
palavras num livro encardido? Até quando conto de fadas farão parte
de nossas realidade? Até quando vamos contar as moedas para pagar o
juro do cartão de credito? Até quando seremos julgados por pensar
diferente? Até quando nos julgarão somente por aquilo que devíamos
ter feito? Ate quando?
Sei que quando a morte
estiver perto, muita coisa fara diferença, e tudo aquilo que parecia
não ser importante, vai ser o que talvez nos salvara! Pare por um
segundo, olhe tudo ao redor! Quais as coisas que realmente te fazem
ou fizeram uma pessoa mais doce, feliz!? O que de fato nós temos?
Com quem podemos contar? Mas não, temos que fingir! Parece que fica
mais fácil...
Temos que nos contentar
com aquilo que sabemos não fazer tanta diferença. Maldito vicio.
Maldita rotina que nos faz falta, quando simplesmente não a temos,
sendo que a mesma, não chega aos pés do que realmente importa.
E nós vivemos sumindo,
e nós temos medo de perguntar como alguém está. E a gente foge dos
outros que importam conosco, e perdemos tempo com quem não vale a
pena. E nós desperdiçamos tempo olhando pro relógio. Achamos que o
planeta e nosso, achamos que o país é nosso, o estado, a cidade,
nosso bairro, o transito. Por que? Por que?
Estamos num planeta,
que faz parte de um sistema solar com outros planetas, que orbita uma
estrela média, essa que faz parte de uma galáxia, entre milhões de
outras estrelas, entre bilhões de outras galáxias, num universo
imenso e muito, mas muito antigo! E a gente querendo ser dono de um
planeta? Não somos donos nem do nosso próprio nariz!
Não e querer
menosprezar nossa importância, mas provavelmente não somos únicos
nessa imensidão, e mesmo se fossemos, isso não nos torna maiores ou
menores, nos torna apenas raros e únicos! Aprender sobre isso faz
com que entendamos nossa relevância, nosso lugar no cosmos e na
história.
Gostam de dizer que
alguém morreu para que pudéssemos viver, será que a maioria não
percebe o quão isso nos torna pequenos? Não é querer questionar
crenças individuais, é questionar as incoerências. A indiferença
esta em todos os lugares, a miséria.
A vida não é justa, e
essa não me parece ser a função dela. Enquanto você agradece a
algo invisível pela comida em seu prato, pela sua família, um monte
de gente caça mosca pra comer, um monte de gente não tem família.
Isso tudo me parece uma
soberba enorme. Quantas vezes eu vi alguém pedir para que aquele
pouco de comida fosse para alguém que precisa mais?
E sim, eu tenho minha
parcela de culpa, enquanto eu reclamo, nada muda, enquanto eu grito,
nada muda. Mas será que é tão difícil assim, imaginar que somos
bilhões entre tantos outros nesse universo? Será que e difícil
admitir que algumas crenças nos freiam? Será difícil?
E não a culpa não
deve ser somente disso! É daquilo que disse lá no começo, de
correr, correr e não chegar a lugar algum. Apenas máquinas, cheias
de vícios! Ninguém dorme direito mais, a não ser por estar muito
cansado devido a rotina, e olha lá, hein!
Eu sei, estou
reclamando e muito... Estou deitado, pensando o que eu poderia ser,
na pessoa melhor que posso ser, na minha vida, na minha morte...nas
pessoas que eu gosto, na minha família, na minha namorada, na minha
cachorrinha, nos meus problemas, nos meus arrependimentos, no meu
passado, nas pessoas que fazem alguma falta, naquele por do sol do
ano 2000, nas estrelas, nas doenças, nas cobranças, na segunda, nas
minhas obrigações, nas minhas fraquezas...
As coisas que consegui,
em sonhos que tive, nas chances que tive, no meu violão estragado,
na profundidade da vida/universo...
Pensando como posso
mudar de vida, pensando como posso melhorar, como posso saber cada
vez mais...enfim, pensando zilhões de coisas...
Minhas mãos estão
dormentes, estou digitando ha duas, no ipod... Sentindo falta de
alguém aqui do lado da cama... Às vezes e bom esquecer que o mundo
esta pegando fogo, e raros são os momentos e pessoas que me
proporcionam isso!
Varias coisas pela
metade, parece que se eu individualizar tudo, faz com que eu tenha
meu próprio mundo, onde ninguém pode entrar, mas isso e uma bosta!
Compartilhar coisas e uma "mágica", poder dividir, alguém
saber que você está bem, está triste. Que alguém pode te estender
a mão, ou simplesmente estar próximo!
Às vezes e possível
sentir certa paz, mesmo que minha vida esteja estranha, procurando
onde esconder... Tudo parece forte quando a paz encontra meu peito. O
ar leve, e por segundos, tudo desaparece, e quando isso acontece, e o
momento no qual minha mente vive, e nesse momento que vale a pena
nadar contra a maré, e nesse momento que me sinto despertado e
conectado com as coisas mais puras que podem existir:
Minha cachorrinha
pulando de alegria por saber que cai passear, quando enrosco a minha
meus dedos na mão da minha namorada, quando percebo o céu
estrelado, quando meus irmãos estão todos em casa, fazendo algum
barulho... Quando vejo minha mãe dando gargalhada, quando vejo meu
pai dando aqueles gritos engraçados, quando meus amigos me xingam de
qualquer coisa, quando alguém lembra de mim, quando, quando! Eu
posso perder meu emprego, posso perder meu dinheiro, posso estar
perdido, posso estar doente, mas enquanto eu tiver tudo aquilo que
citei, estarei vivo e pronto pra outra, porque é sempre isso que
importa, é disso que lembro, é disso que faz parte toda paz, e isso
que me segura, essa e minha grandeza, é isso tudo que eu tenho, é
isso tudo que existe, é isso tudo que eu amo. Isso e o que eu
acredito ser a vida, em sua profundidade, em seu verdadeiro sentido,
é nisso que eu acredito, é isso que guardarei eternamente em meu
coração, em minha mente, em meus átomos.


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