sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

A Coragem de Sentir o Medo.

 

Me permiti viver algo que só consigo viver através do sono, dormir e sonhar com algo que possa atravessar a minha casca de medo. Experimentei sentir aquilo que eu duvidei que pudera sentir, aquilo que eu já estava descrente que aconteceria. Uma dúvida, um medo, uma desesperança.

No meio do processo descobri que meu coração não é feito de lata ou luto, é apenas algo machucado, mas já cicatrizado. Descobri que é possível me sentir vivo fora dos sonhos.

Mas como tudo na vida...foi um sentimento e vivencias findas. Durou alguns dias para que eu pudesse colocar a minha consciência contra a parede. O medo, a doença, os traumas...tudo isso ainda é forte demais para que duas pessoas se sintam à vontade mesmo tendo afinidades.

Descobri que compatibilidade não é tudo. Descobri que ter uma segunda chance pode não significar nada. Às vezes tudo é apenas o momento: você precisa ser estar num equilíbrio. Você pode conseguir visitar várias estrelas, mas se você não estiver apto para ver a beleza disso, você não vai ver. É como saber nadar no oceano, mas não conseguir tocar a água.

Com o passar do tempo algumas cicatrizes tendem a firmar. Elas ficam ali, as marcas são visíveis, inesquecíveis, mas você aprende a conviver com elas, de tal modo que o único incomodo foi não ter conseguido superar antes, mas tudo bem...

Várias pessoas vão passar pela sua vida, algumas não dignas de sua convivência, de seu amor e tempo, mas você vai gastar sua pouca gota de tempo nelas. Enquanto isso...pessoas boas e raras vão cruzar seu caminho sem que você perceba, e se perceber, você já vai ter queimado todas as suas chances. É, a vida não é justa, e as vezes nós também não somos.

Um dia...em algum momento do futuro, sentado em algum canto sem luz, você vai lembrar das vezes em que esteve perto da felicidade, mas que seu medo te jogou pra fora daquilo. Mas...tudo bem, não era hora.

É triste o pensamento sobre como tudo tem um fim. Nós só queremos o fim da dor, mas o que mais nós fazemos é por fim em coisas boas, coisas essas que estavam apenas no começo. Nós não temos medo de acabar com isso, mas temos medo de não começar.

O medo é um mecanismo de defesa, é algo que tenta nos repelir de algo ruim que pode acontecer, mas tem um efeito colateral: ele pode expulsar oportunidades boas...e as vezes até únicas.

Seja como for...não há controle. Não há um passo adiante. Não somos e nem podemos ser de ferro. Não podemos evitar o incomodo de ter medo de machucar as pessoas: as vezes isso é se importar.

A felicidade e a tristeza parecem estar bem próximas uma da outra. É como uma moeda de duas faces...

Muitas vezes vamos derreter todas as chances por querermos recuar.

É triste. Mas é necessário aceitar a fraqueza, a tristeza e tudo que vem com elas. A felicidade é sim uma coisa rara, talvez a maioria de nós temos consciência disso, o que não significa que vamos conseguir dar o devido valor a isso.

Nada é seguro. Toda escolha tem uma porra de um risco... O único jeito de saber sobre a dor, é não ter medo de poder senti-la, as vezes vale a pena correr risco, mesmo que no final das contas seu coração fique com um buraco.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Impostor?

Sempre fui ansioso, um pouco deprimido e com dificuldade de aceitar coisas boas na minha vida.Com o passar do tempo isso fui variando entre os diversos sentimentos. Mas teve alguma época da minha vida que eu realmente acreditei que estava no caminho certo e eu era merecedor de tudo de bom que estava acontecendo comigo, mesmo que por alguns momentos eu ficasse triste, mas era algo esporádico, nada muito forte.De repente...eu comecei a invalidar meus sentimentos e encarar a tristeza como algo normal. E nesse tempo ela já estava um pouco fora de controle. Eu ficava triste com mais frequência do que o normal. Nessa época eu estava num relacionamento, e eu me doava muito mais para ela do que para mim mesmo, eu simplesmente esquecia da minha vida e fazia somente coisas para ela.Meu esforço era praticamente todo para ela. Mas com certeza algo estava errado.Foi então que depois de três anos ela terminou o namoro. Então eu tive aquela misto de sentimento, um alivio, mas como uma sensação de estar sendo rejeitado. Alivio porque sinceramente eu não aguentava mais aquele relacionamento cheio de problemas, e rejeição porque logo depois do termino, em questão de poucos dias ela praticamente já estava morando com outro cara, então eu comecei a me questionar e me senti um inútil, pois eu fazia tudo para ela e mesmo assim não foi o bastante?

 Comecei a jogar a culpa toda em mim. De fato,senti que eu tinha perdido muito tempo sendo dela e esquecendo quase que totalmente da minha própria vida e isso por que? Será que eu fazia aquilo tudo porque eu realmente gostava dela ou por que aquilo massageava meu ego? Explico:A sensação que eu tinha de quando ela estava feliz por eu agradar ela me fazia sentir algo bom, algo que realmente vinha do meu ego, mas não sentia aquilo como se fosse algo natural. E sim, só fui questionar isso de fato após o término. Mas não, eu não me isolei, nem algo do tipo, eu fui curtir a minha vida. Foram anos intensos de curtição, o que não significava que estava tudo bem, eu apenas conseguia me distrair, sair com meu irmão e alguns amigos. Nesse tempo eu cheguei a conhecer outras meninas, mas nada sério...era só coisa por "diversão". Depois que passou essa fase de curtição, eu comecei a ficar mal. Minha ansiedade estava descontrolada.

 Então eu procurei um psicólogo.E...resumindo: hoje posso dizer que minha ansiedade está controlada com terapia e medicação, porém...Eu ainda estou com problemas de aceitar que posso conseguir algumas coisas na vida. Eu tenho enormes dificuldades de aceitar que alguém pode gostar de mim, que alguém pode gostar do meu trabalho, que alguém pode gostar do som que eu faço. Eu não sou daquelas pessoas que rejeitam elogios, eu até aceito numa boa. Mas depois de um tempo eu começo a achar que aquilo não me pertence, que as coisas boas que fiz não podem ser valorizadas. É como se eu ficasse com meudo do meu ego inflar pelos elogios e de repente eu me trancasse e arrancasse aquilo de mim, fazendo com que eu comece a detestar o que estou fazendo. Eu tenho medo de me tornar um arrogante e esquecer de quem eu realmente sou. Isso me atrapalha em relacionamentos e profissionalmente. Se uma garota boa, bonita e inteligente tem algum interesse em mim, por hora eu acho bom, mas alguns dias depois minha mente entra em parafuso e começo a me perguntar se eu realmente mereço aquilo tudo. Mas daí minha mente fica toda bagunçada, pois eu pergunto a mim mesmo “e se fosse uma mulher que julgo estarem algum nível inferior daquela moça interessante que nutre algo bom por mim,eu aceitaria? ”. A resposta é: não. Então é muito mais uma questão interna do que externa.  

A minha mente não aceita coisas boas...e quando o faz, isso não dura o bastante e logo vira uma coisa ruim. Mas eu também não gosto dessa sensação ruim, eu não fico nutrindo ela. Acho que faço isso por medo de fracassar, medo de tentar, medo de ser rejeitado. Mas por que medo de ser rejeitado? Então...isso eu desconheço,ainda não cheguei numa conclusão satisfatória sobre isso. Sim, eu já falei sobre isso com o psicólogo, algumas coisas eu consigo entender, já outras...Meio que eu não gosto da aprovação das outras pessoas, mas meio que eu necessito daquilo, entende? E meu ego vai em extremos em questão de poucos dias. Não consigo aceitar que posso ser bom em algo e que posso despertar o interesse de alguém, seja essa pessoa sendo fantástica ou não, masse ela for uma pessoa foda...bom, aí...é pior ainda!Acontece que todo esse problema faz com que eu me desencane rápido de tudo, tanto de alguns sentimentos bons até algumas oportunidades. 

Às vezes eu escuto as músicas que eu fiz e penso “eu realmente fiz isso”? Mas não que eu ache aquilo fantástico, nada disso, mas eu duvido que fui capaz de criar algo. Às vezes sinto que estou me protegendo tanto de decepções quanto de coisas boas que eu possa vir a ter. E vamos ser sinceros, nós precisamos de decepções. Mas para minha mente uma decepção é uma tragédia e quando sinto algo bom é uma tragédia também, porque sei que vou entrar em parafuso e isso vai deixar minha mente inquieta. E não, eu não me acho uma pessoa ruim, na verdade eu me acho mediano e nem fico me comparando com outras pessoas, isso de fato não me incomoda. E eu também não me acho feio, eu me acho “ok”.Em contrapartida, por muitas vezes me sinto inútil por não ter feito isso e aquilo. Na verdade é tudo meio incoerente dentro de mim mesmo. A coisa prática que eu deveria fazer é tocar o foda-se e simplesmente tentar e aceitar fracassar. 

Mas o engraçado é que tenho medo de conseguir e não ser capaz de manter tal feito na minha vida. O medo de conseguir é maior do que de fracassar. Isso é bizarro. Se isso me deixa triste e ansioso? Não. Me deixa mais é puto. Eu sei que isso não é normal e que isso me afasta de muitas oportunidades. Mas é algo que não consigo controlar.